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Publicado em: 23/09/2020 - Autor: Eneas Barros - Visto: 495 vezes
Tothe morreu. A morte, infelizmente, é definitiva. Não é assim como quem tira férias por alguns dias e depois retorna, para o convívio de familiares e amigos. Morrer é ter a certeza de que aquela pessoa jamais receberá nosso abraço outra vez, que nunca nos ouvirá de novo e não terá qualquer outro momento na nossa companhia, próximo a nós pela presença ou por um abraço, um toque no ombro ou um beijo na face.
Quando Tothe ainda estava vivo, eu ligava pra ele, para conversar, e às vezes combinávamos um encontro. Isso jamais voltará a acontecer. Nos últimos dias, nós nos falávamos por áudios no WhatsApp. Sua voz estava cada vez mais enfraquecida, assim como seu corpo. A vontade de viver o prolongou por algum tempo. Tothe teve uma sobrevida invejável, embora morresse um pouco a cada dia. E todo nós víamos isso, mas o seu lema, dito a mim em várias oportunidades, era viver sem conflitos, embora sua natureza não conseguisse atendê-lo em sua plenitude.
Uma das doenças mais miseráveis da humanidade nos privou de sua convivência: o câncer. Foram anos de luta para debelá-la, sem êxito. Mas ele relaxou. Não se cuidou como precisava. Passou a administrar a façanha de sobreviver em um corpo maltratado pelo tempo. Em busca de qualidade de vida, foi morar na serra de Viçosa, em um sítio paradisíaco que ele ergueu com seu amigo inseparável: Daniel, chamado Tampinha. Os dois, cúmplices de uma amizade viva e forte, transformaram um pedaço de terra em uma área magnífica. Tive a oportunidade de visitá-lo algumas vezes e de passar com ele dias divertidos e prazerosos.
Assim como eu, Tothe era apegado ao passado. Conversávamos por longo tempo sobre nossa infância e adolescência e ele insistia em que eu deveria escrever um livro sobre sua vida. Em uma dessas visitas que fiz à serra, levei um gravador e passamos uma manhã em conversas para o livro. Depois, ele assinou um documento em que atestava que tudo o que disse nas gravações era verdade.
Vou escrever esse livro. É obrigação minha cumprir o desejo de um tio.
Embora todos nós soubéssemos que ele morria um pouco a cada dia, não foi fácil saber de sua morte. O que me conforta é a memória que guardo de nossas conversas. Trocamos mensagens três dias antes da fatídica noite de 21 de setembro. Seu irmão Ariosto, que é médico, estava na cabeceira de sua cama, pegando-lhe na mão, confortando-o com a presença de um ente querido por perto. Sentiu que não estava abandonado na serra, que sua família estava com ele, por isso o seu rosto estava sereno no Vale do Amanhecer, onde desejou ser velado em um áudio que gravou. Tothe sabia que estava morrendo. Essa consciência talvez o tenha proporcionado alguns dias de bônus, pois os fracos não suportariam ver a morte se aproximar sem se entregar a ela. Tothe nunca se entregou à morte.
Como disse Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas...”. Tothe não morreu; encantou-se. Vou encerrar citando Vinicius de Moraes, em um trecho de seu poema “Amigos”, que é muito adequado a essa mensagem: “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!”.
O apelido Tothe é escrito como uma variação da sílaba tônica de Aristóteles TO com o código aér
eo THE, de Teresina. Era como ele gostava que escrevessem seu nome.
Texto: Eneas Barros
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