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Publicado em: 19/03/2023 - Autor: Eneas Barros - Visto: 505 vezes
Resolvi escrever um pouco sobre Turismo, para explicar como eu vejo esse fenômeno que impulsiona a economia mundial e promove a paz entre os povos. Os números são animadores, após a devassa promovida pela pandemia do Coronavírus, que obrigou as pessoas a ficarem em casa e a evitarem as viagens.
O faturamento do Turismo no Brasil, em 2022, cresceu 28% e chegou a R$ 208 bilhões. Em Teresina, esse crescimento foi de 29,5%, saltando de R$ 291 milhões em 2021 para R$ 377 milhões em 2022. Foram 3,6 milhões de estrangeiros visitando o Brasil em 2022 e 12 milhões de pessoas viajando pelo país. Seguindo os ensinamentos de Leon Tolstoi, que disse “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, vou fazer essas reflexões usando o município de Teresina como modelo de desenvolvimento turístico.
Há alguns anos, participei de um Encontro Nacional da ABRAJET (à época, Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores de Turismo), que aconteceu no Centro de Convenções de Teresina. Creio que foi por volta da primeira metade do ano de 1990. Ao chegar ao plenário, vi que os organizadores do evento e alguns jornalistas discutiam se deveriam tomar alguma iniciativa, em relação a uma nota de imprensa, publicada por um jornalista que na época era metido a polêmico. A nota denegria a associação e reforçava o velho chavão de que “Teresina não tem Turismo”. O jornalista foi deselegante em todas as suas linhas. Além de escorraçar um grupo de visitantes e faltar com a boa hospitalidade, incutia na população a ideia de que o Turismo só existe quando há sol e praia. Quanta ignorância! Mas o ato do jornalista não refletia o comportamento social: mais de 90% dos visitantes afirmam, pelas pesquisas, que a hospitalidade é o principal atrativo de Teresina.
A atividade turística acontece quando há deslocamento de pessoas de um lugar para outro. Portanto, não se faz Turismo na própria localidade em que se vive. Para que o teresinense faça Turismo, é preciso que ele vá a outra cidade, outro estado ou outro país. O movimento interno, entre os atrativos da cidade, é apenas entretenimento local.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, “o Turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, por lazer, negócios ou outros”.
Para que o Turismo aconteça, o viajante precisa se deslocar por pelo menos 24 horas e não exercer atividade remunerada. Com esse perfil, poderemos avaliar quem são as pessoas que nos visitam, quais são as suas motivações de viagem, qual meio de transporte utilizam, quantos dias passam na cidade, quanto gastam, o que as motiva a vir a Teresina, o que fazem do tempo etc. Com as pesquisas que iniciamos em 2013, na Coordenação de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEMDEC), da Prefeitura de Teresina, hoje temos meios para afirmar se a atividade turística tem sido positiva e se está gerando déficit ou superávit para a economia local, além, claro, de gerar informações para auxiliar investidores a avaliarem o mercado de Teresina.
Pode-se dizer que o Turismo é sustentado por um tripé formado pelo hotel, pelo transporte e pela alimentação. Sem um desses serviços, é impossível fazer Turismo em qualquer localidade. Durante muitos anos, a hotelaria de Teresina sofreu com baixa ocupação. Hoteis tradicionais e estrelados sofriam com taxas em torno de 30% ou menos, que muitas vezes não dava para cobrir a folha de pagamento. Como reflexo, os restaurantes da cidade recebiam quase a totalidade de clientes residentes, enquanto a malha aérea ainda se firmava.
As pesquisas ajudaram a mostrar que Teresina é uma cidade de negócios, de eventos e de saúde. É assim como Brasília, que esvazia nos finais de semana. Os hotéis, então, começaram a oferecer descontos de sexta a domingo, inclusive com pacotes especiais, para garantir ocupação nos finais de semana.
A partir de 2013, com a identidade turística de Teresina definida, começamos a trabalhar o Turismo de negócios como mola propulsora. Percebemos que mais da metade do fluxo chega à capital piauiense motivada pelos negócios, 54% são empregados do setor privado e 68,1% se hospedam em hotel. Nesse particular, a hotelaria de Teresina mantém uma taxa média de ocupação variando entre 58% e 60%, superior à média nacional, que em 2021 chegou a 43%, segundo pesquisa FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), com crescimento de 67% em 2022. Em períodos de alta estação, essa taxa salta para patamares alentadores – uma injeção de ânimo em toda a cadeia produtiva do Turismo teresinense.
A participação de Teresina em eventos nacionais, promovida pela SEMDEC, tem ajudado a mudar um panorama que, entre 2002 e 2014, vinha se mostrando desestimulante: a participação do agente de viagens entre os turistas que nos visitavam.
Em 2002 (média de 3 pesquisas), por exemplo, 11,5% dos visitantes afirmaram utilizar uma agência de viagens para vir a Teresina, ou pela compra da passagem ou pela reserva da hospedagem ou pelo pacote completo. Em 2013, o índice despencou para 0,3%, passando a se recuperar a partir de 2014. O ponto alto foi alcançado em 2019, quando 28,4% afirmaram ter usado os serviços de uma agência.
As ações de presença de Teresina em eventos nacionais têm foco nas Operadoras de Turismo (que trabalham no atacado), nos agentes de viagens (que trabalham no varejo) e na imprensa especializada, para mostrar que Teresina tem um bom receptivo, bons hoteis, bons restaurantes e boas alternativas de lazer e entretenimento. Com isso, esses profissionais abrem novos mercados e criam roteiros que possam incluir Teresina ou como cidade de negócios, eventos e saúde ou como portão de entrada para atrativos interioranos piauienses. Essas oportunidades são encontradas em eventos como a WTM Latin America, a BNT Mercosul, a Expo ABAV, a BTM Brazil Travel Market e o Festival de Turismo de Gramado (FESTURIS).
Paralelo a essa constatação, observa-se o crescimento do fluxo turístico ao longo dos anos. Em 2004, o fluxo era de 126 mil pessoas; em 2019, alcançou o seu ponto máximo, com 919 mil visitantes; e em 2022, esse perfil começa a se recuperar da violenta queda de 95%, gerada pela pandemia nos quatro primeiros meses de 2020, chegando a 476 mil visitantes. Vale registrar que a Receita Turística também flutuou nos últimos 18 anos. Em 2004, a receita foi calculada em R$ 41 milhões, passando para R$ 823 milhões em 2019 e R$ 377 milhões em 2022. Essa flutuação começa a se estabilizar, com a recuperação das viagens, gerando otimismo para quem sofreu grave retração de fluxo.
Em 2021, houve um déficit de R$ 42 milhões na balança comercial do Turismo, considerando-se apenas os turistas que utilizaram o aeroporto como portão de saída. Mas isso tem uma explicação. A agressiva campanha da Fundação Municipal de Saúde, pela vacinação, retornou ao teresinense a segurança de viajar muito mais rapidamente do que em outros mercados emissores de turistas para cá. Com isso, o teresinense viajou mais do que o visitante, gerando uma despesa maior, com a evasão de moeda, do que a receita gerada pela injeção de moeda trazida pelos turistas. Naquele ano, a Receita Turística foi de R$ 119 milhões, enquanto a Despesa Turística foi de R$ 161 milhões, segundo pesquisas da SEMDEC, com a recuperação observada em 2022.
Como se vê, para que o Turismo ocorra tem que haver deslocamento. Atividades internas de lazer e entretenimento são suportes de permanência. Muitas dessas atividades, como o Turismo de eventos, notadamente o esportivo, ajudam a elevar a permanência média na cidade, mas é válido lembrar que o apoio a eventos locais precisa sempre ter um viés para a captação de fluxo, pois é através do movimento de pessoas de outras localidades que a economia se beneficia, fazendo do Turismo um grande propulsor do desenvolvimento. É o caso, por exemplo, do Turismo Rural. A Prefeitura de Teresina, através da SEMDEC, criou a Rota Turística dos Sítios, com 16 empreendimentos rurais ativos e oferecendo os mais diversos tipos de atração, como parques aquáticos, eventos radicais, gastronomia, hospedagem rural, passeios de pedalinhos, pescarias, atividades infantis, artesanato, fazendas de gado etc. Esses empreendimentos ajudam a entreter os visitantes e elevar a permanência média.
A prefeitura e o Estado são responsáveis por manter a infraestrutura em condições de receptividade. São importantes: limpeza urbana, sinalização adequada, segurança, comunicação, mobilidade urbana e toda a parafernália de serviços públicos que precisam ser mantidos por uma cidade aprazível. O cidadão precisa estar motivado e gostar de sua cidade, para receber bem nossos visitantes e entender que eles ajudam a fortalecer a economia. E os empresários são igualmente importantes no processo, ao oferecer os bens e serviços componentes da cadeia produtiva do turismo. Governos, iniciativa privada e sociedade precisam andar juntos, de mãos dadas, para que o Turismo seja um fator de desenvolvimento econômico e social e possa gerar a paz entre os povos.
Texto: Eneas Barros.
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